sábado, 22 de setembro de 2007

Ode a Neruda

Pablo Neruda:
Poetas do povo chileno,
Poetas dos povos latino-americanos,
Poetas dos povos do mundo.
(Pablo Pavel)


O conceito de ode nos dicionários é: uma composição em verso que se destina a ser cantada. Nada mais justo que cantar os mais belos versos à memória de um dos maiores poetas do mundo, Pablo Neruda.

Neftalí Ricardo Reyes nasceu em Parral, no Chile, em 12 de julho de 1904. O nome Pablo Neruda, que adotara como escritor, aos 16 anos, principalmente para enganar seu pai, tornou-se seu nome oficial em 1946.
A partir de 1921, publica seus primeiros trabalhos no Chile, caracterizando-se como um grande poeta do amor, destacando, em 1924, Vinte Poemas de Amor e Uma Canção Desesperada e, anos depois, em 1959, Cem Sonetos de Amor.
Sua militância ativa no país, principalmente no Partido Comunista, trouxe uma forte influência para sua poesia, que se tornou a maior característica do poeta, a poesia política. Das várias viagens como cônsul do Chile, uma das mais importantes foi a que sucedeu sua nomeação como cônsul na Espanha, primeiro em Barcelona, depois em Madri, em 1935. Durante a Guerra Civil Espanhola, escreve “Espanha no Coração”, obra que se tornou um instrumento de luta e estímulo do povo espanhol contra a ditadura de Francisco Franco. Como mesmo citou na sua autobiografia “Confesso Que Vivi”, Pablo Neruda relata que a primeira edição de seu livro foi rodada com restos de papéis e roupas de soldados mortos na guerra civil, e que muitos soldados abandonaram seus mantimentos para carregar sacos cheios de seus versos, salvando a obra das mãos da ditadura e garantindo que chegasse às mãos de todos os soldados do povo.
Generais / traidores: / olhai a minha casa morta / olhai a Espanha rota / mas de cada casa morta sai metal ardendo / em vez de flores / mas de cada buraco da Espanha / sai Espanha. (...) Perguntareis por que a sua poesia / não nos fala do sonho, das folhas / dos grandes vulcões do seu país natal? / Vinde ver o sangue pelas ruas / vinde ver / o sangue pelas ruas / vinde ver o sangue / pelas ruas! (Pablo Neruda, Espanha no Coração).
Com a impossibilidade de entrar no Chile devido à ilegalidade do Partido Comunista em 1945, Neruda termina Canto Geral, uma das mais belas e famosas obras do poeta, publicada em 1950, considerada até hoje a canção da América. Quatro anos depois, publica As Uvas e o Vento, sendo este a canção da Ásia e da Europa. Antes disso, em 1953, ele recebe o Prêmio Stálin da Paz, na União Soviética.
Além de membro do Partido Comunista Chileno, foi senador entre 1945 e 1948. Os grandes comícios, onde eram declamados seus versos, e a luta, depois de eleito, visitando, dormindo e conhecendo as casas dos trabalhadores das regiões mais pobres do país, trouxeram-lhe a certeza de sua importância como poeta do povo e como político na luta pelo socialismo.
Em 21 de outubro de 1971, recebe o Prêmio Nobel de Literatura, apesar de que, durante anos, a CIA tentou de todas as formas impedir isso. (A Verdade nº. 4).
Em 1973, Neruda se encontra gravemente doente de um câncer de próstata, que é bastante agravado com o golpe militar no Chile, em 11 de setembro, comandado pelo ditador Augusto Pinochet. No seu livro Minha Vida Junto a Pablo Neruda, Matilde Urrutia, esposa do poeta, declara que suas últimas palavras, ditas em um sussurro, foram: “Los fusilan! Los fusilan a todos! Los están fusilando!”. O poeta morre a 23 de setembro desse ano.
Pablo Neruda não foi simplesmente um grande poeta. Ele soube compreender a importância da arte voltada para a defesa do povo, a arte como produção de sua vida de poeta da classe dos oprimidos e explorados. Foi o poeta que vivia conforme ensinavam seus versos.

Tiago Medeiros


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