quinta-feira, 19 de abril de 2007

Algarve: Hospital de Faro adia três vezes

Sofre à espera de consulta

Rute Isabel Sousa Amâncio, solteira, 22 anos, está desesperada, queixando-se de falta de assistência médica no Hospital Distrital de Faro (HDF). Espera, há sete meses. Em causa está uma consulta de Ginecologia que, desde Novembro de 2006, já foi marcada para quatro datas diferentes.

Garante estar a sofrer com dores “só suportáveis com recurso aos medicamentos” e a ter hemorragias que “ocasionam anemias frequentes”.

A história clínica de Rute Isabel é complicada: operada em 2003, com sucesso, no HDF, a um fibroadenoma (tumor benigno mais comum na mama feminina), a jovem de Laranjeiro, em Moncarapacho, concelho de Olhão, pensava ter ultrapassado os problemas clínicos.

“Estava enganada. Em 29 de Junho do ano passado sofri um aborto espontâneo, que foi tratado no Centro de Saúde de Olhão”, explica a jovem secretária. Mas esse foi um tratamento de curta duração que não resolveu, totalmente, o problema.

“Comecei então a ter o período de quinze em quinze dias, com hemorragias frequentes, mesmo tomando a pílula, que ocasionam anemias sucessivas”, afirma Rute Isabel, que se queixa de “fortes dores”, só resolvidas com o recurso sistemático a comprimidos para as dores.

UM longo calvário

Perante este cenário, o médico de família do Centro de Saúde de Olhão recomendou, em Novembro de 2006, uma consulta no Hospital Distrital de Faro.

“Marquei, em 20 de Novembro, uma consulta no serviço de senologia do HDF, com a médica (Ana Garcia) que me tinha operado ao fibroadenoma”, explica a jovem residente em Moncarapacho, que deu nesse dia início a um longo calvário.

“A médica, dado o meu estado precário de saúde e por não ser da sua especialidade o meu problema, preencheu o formulário das consultas, salientando que deveria ser marcada para dentro de dias uma consulta de ginecologia”.

Apesar da recomendação da médica, os serviços respectivos marcaram a consulta para 8 de Março de 2007, “a única disponível”. “Considerei muitos dias, mas estava disposta a sofrer mais uns meses”, diz Rute Isabel, que só não estava preparada para os sucessivos adiamentos a que seria sujeita.

De 8 de Março, foi remarcada para 19 de Abril, depois passou para 7 de Junho e agora para 21 de Junho. “Só me dizem que, por motivos imprevistos, a consulta foi alterada”, protesta Rute Isabel, que já não sabe a quem recorrer.

“Já basta de sofrer. Adiarem três vezes a consulta de uma doente com o meu passado clínico e que está a degradar a sua saúde diariamente é falta de humanidade dos serviços”, afirma, desconsolada, temendo, a qualquer momento, receber carta “com novo adiamento”.

FÉRIAS EXPLICAM ADIAMENTOS

ww A Direcção Clínica do Hospital Distrital de Faro (HDF) explicou ao CM que os primeiros adiamentos da consulta de ginecologia de Rute Isabel “se deveram às férias da médica da especialidade”. O adiamento de 7 de Junho é justificado “pelo facto de ter coincidido com o feriado móvel que ocorreu nessa altura”. Helena Gomes, directora clínica do HDF, salienta ainda que “não existe qualquer registo no sistema informático do HDF em relação a um eventual pedido de consulta enviado pelo médico assistente da utente “. Aquela responsável esclarece que “a Rute Isabel pode sempre aceder ao serviço de urgência, onde terá acesso a uma consulta da especialidade”. E acrescenta que, por norma, os serviços não alteram o clínico nas consultas marcadas “excepto se houver um impedimento longo de um médico”.

SAIBA MAIS

253 000 habitantes residentes na região são servidos pelo Hospital Distrital de Faro, o hospital referência do Sotavento algarvio. No Verão este número pode duplicar e até triplicar.

30 alunos estão previstos para o curso de Medicina que deverá arrancar em 2009/2010, na Universidade do Algarve, com a duração de quatro anos.

Hospital Central O HDF vai ser substituído por uma unidade a construir no Parque das Cidades. O concurso público internacional deverá ser lançado este Verão.

Serviços O HDF dispõe de um serviço de urgência, outro de ginecologia e obstetrícia, bloco de partos e outro de pediatria.

Internamento Tem duas unidades de cuidados intensivos e uma de cardiologia. Destaque para a neonatologia, onde os pais podem assistir ao nascimento dos filhos.

2007-04-19
  • Artigo Original
  • Etiquetas: ,

    quarta-feira, 18 de abril de 2007

    Hospital da Luz não é para «ricos»

    O novo Hospital da Luz em Carnide, inaugurado esta quarta-feira, não de destina apenas aos «ricos» e vai cobrir «todas as patologias possíveis», segundo o director clínico daquele que é o maior investimento privado na área da Saúde em Portugal.

    O novo Hospital da Luz em Carnide, inaugurado esta quarta-feira pelo Presidente da República e pelo ministro da Saúde, não está vocacionado apenas para «os ricos» e pretende «dar cobertura a todas as patologias possíveis».

    Em declarações à TSF, o director clínico do Hospital da Luz enfatizou que a entidade de Saúde agora inaugurada não deve estar conotada «com ricos», mas antes ser entendida como um local «aberto à população».

    «Os preços são sobreponíveis aos de outras instituições privadas e são sobretudo para pessoas que tenham sistemas de Saúde, seguros ou sistemas convencionados, inclusive a própria ADSE», afirmou José Roquete.

    O directo clínico adiantou que o Hospital da Luz vai dispor de «uma série de orientações de patologias que não respeitam as tradicionais especialidades dos hospitais públicos» e que vai «dar cobertura a todas as patologias possíveis».

    «Vamos ter centros localizados em áreas por patologia», como por exemplo «consultas de desenvolvimento em pediatria» ou consultas de oncologia vocalizadas para a «área do cancro do pulmão», acrescentou.

    O Hospital da Luz é o maior investimento privado em Portugal na área da Saúde, que custou cerca de 130 milhões de euros ao grupo Espírito Santo.

  • Etiquetas: , ,